A psicóloga Rosa Jeronymo tem o seu maior desafio em 29 anos de serviço público: comandar a Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu. Rosa ite que são “muitos os desafios” principalmente em tempos de pandemia.

O primeiro desafio é avançar na vacinação contra o coronavírus. “É o único meio que temos hoje para conter a pandemia. Organizamos as equipes, à medida que a vacina está chegando estamos vacinando, mas também temos de manter a rede de assistência hospitalar, para atender às necessidades da população. Temos feito um grande esforço para que o hospital municipal dê conta dessa demanda, não está sendo fácil, mas é um grande desafio”, reitera.

Rosa Jeronymo defende ainda o foco no trabalho das UBSs. “Elas têm condição de resolver 80% das demandas da saúde – a maioria é de demandas simples. Então o grande desafio é humanizar cada vez mais o atendimento nessas unidades”.

Rosa Jeronymo
Rosa é a atual secretária de Saúde de Foz.
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Confira a entrevista:

100f: Como iniciou seu trabalho até chegar à Secretaria da Saúde?


Rosa Maria Jeronymo Lima: Sou servidora pública de carreira e psicóloga de formação. Sou concursada há quase 29 anos. Ao longo desses anos trabalhei em diversos setores, mas o maior tempo foi na Secretaria de Saúde, onde fiquei por 17 anos, deste tempo fiquei oito anos como coordenadora do Programa Municipal de DST/AIDS e Hepatites e o restante trabalhando nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) como psicóloga.

Tenho duas especializações, uma em saúde da família e uma em istração em saúde pública. E tenho especialização na área de direitos humanos onde estive como secretária de Direitos Humanos de 2018 até agora 4 de janeiro quando fui nomeada pelo prefeito para responder pela Secretaria Municipal de Saúde.

Uma tarefa muito árdua, pois é a maior secretaria em termos de orçamento e tem um volume muito grande de serviços e trabalhadores. De todo o orçamento, um terço é da saúde, então é uma tarefa desafiadora, porque atendemos desde a atenção primária de saúde, onde temos 29 UBSs e um serviço 24h na região do Porto Meira, e também reamos os recursos e fiscalizamos o Hospital Municipal e as UPAS.

100f: Como é formada a Secretaria de Saúde de Foz?


 Rosa Jeronymo: Eu sou a secretária e temos sete diretorias.

  • Diretoria de Atenção Primária de Saúde, responsável pelas UBSs;
  • Diretoria de Especialidades de Média Complexidade;
  • Diretoria de Vigilância em Saúde, responsável pela epidemiologia, CCZ, vigilância sanitária, programa de hanseníase e tuberculose, programa municipal de DST/AIDS e hepatites virais;
  • Diretoria de Gestão em Saúde, responsável pelos contratos, convênios e gestão pessoal;
  • Diretoria de Urgência e Emergência, que cuida do Samu e Siate;
  • Diretoria de Residência Médica.
  • Diretoria de Supervisão e Controle

Com isso temos mais de dois mil funcionários atuando nesta secretaria.

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100f: Quais os principais desafios ao assumir a Secretaria de Saúde em meio a uma pandemia?

Rosa Jeronymo: Os desafios são muitos. Primeiro é conseguirmos avançar na vacinação, porque é o único meio que temos hoje para conter a pandemia. Organizamos as equipes, à medida que a vacina está chegando estamos vacinando, mas também temos de manter a rede de assistência hospitalar, para atender às necessidades da população. Temos feito um grande esforço para que o hospital municipal dê conta dessa demanda, não está sendo fácil, mas é um grande desafio.

E tudo o que a pandemia acabou trazendo, como o acúmulo de cirurgias eletivas, que não conseguimos fazer devido a retaguarda hospitalar. Sempre estivemos acima de 50% de ocupação e hoje estamos em quase 100%. E isso impede que façamos as cirurgias necessárias, estamos fazendo só as de urgência e emergência por enquanto.

100f: E atualmente como está a situação das UBSs?

Rosa Jeronymo: Hoje estamos reorganizando a atenção primária de saúde, que é a porta de entrada dos serviços. Estamos trabalhando de forma bastante contundente, reorganizando as equipes e fortalecendo os setores, porque do meu ponto de vista precisa ter um olhar mais humanizado. A pessoa vai primeiro no postinho, então temos trabalhado para fazer com que o processo se humanize.

Não é para ter fila nas UBSs e por isso temos as equipes praticamente todas completas, e sempre estamos realocando as equipes para que não falte profissionais. Mas infelizmente estamos com um impedimento de novas contratações devido a portaria 173, do Governo Federal, que se estende até dezembro de 2021.

Além disso, focar no trabalho das UBSs é importante porque elas têm condição de resolver 80% das demandas da saúde – a maioria é de demandas simples. Então o grande desafio é humanizar cada vez mais o atendimento nessas unidades.

100f: Como a Secretaria de Saúde atua no Hospital Municipal e nas Upas?

Rosa Jeronymo: Não é um trabalho de gestão, pois eles têm gestão própria, mas de conhecimento de como está o serviço, pois somos nós que reamos os recursos. Temos contratos da Secretaria com o Hospital, e por isso trabalhamos de forma conjunta, fiscalizando e apoiando. É uma parceria.

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100f: Em 2020, devido a pandemia, Foz do Iguaçu se tornou referência nos atendimentos da Covid-19. A estrutura montada se manterá? 

Rosa Jeronymo: Eu destaco a atitude do prefeito em ampliar os leitos de UTI dentro do Hospital Municipal, em vez de hospitais de campanha, e com isso foram criados 50 leitos de UTI e 52 leitos de enfermaria, só para atender os pacientes-covid.

E quando essa pandemia ar, toda essa infraestrutura ficará, o que poderemos usar para as cirurgias eletivas, que atualmente estão paradas, e que terão uma grande demanda.

Considero que foi um trabalho muito assertivo no sentido desse investimento no hospital, pois ele é uma referência para a 9º Regional de Saúde, além de que temos o Paraguai ao lado e os brasileiros que moram no país vizinho e até mesmo os paraguaios, que não têm condições de receber assistência lá, vem e usam o sistema de saúde de Foz do Iguaçu.

E como o SUS é brasileiro, mas em seus princípios contém universalidade, não podemos negar assistência a ninguém. E com isso, acredito que Foz deveria ter um recurso maior, pois estamos em uma fronteira e a demanda na saúde é muito maior do que em outras cidades iguais a Foz, mas que não estão situadas em fronteira.

Vacinação em Foz

100f: E na questão das cirurgias, hoje é possível fazer tudo em Foz?

Rosa Jeronymo: Não, ainda há muitas cirurgias que não são possíveis de fazer aqui, como a cirurgia bariátrica que é feita em Campo Largo. Além de outras especialidades. Para isso temos o Transporte Fora de Município (TFD), onde damos toda a assistência aos pacientes.

E é válido destacar que há pactuações diferentes. Por exemplo, o Hospital Municipal é referência em ortopedia. Todos os casos de acidentes que necessitem de pronto socorro são feitos nesse hospital. Mas se você for tratar um câncer ou ganhar um bebê é no Costa Cavalcanti. A cardiologia de alta complexidade também é no Costa.

Mas reforço que temos que ter um olhar mais atento às Unidades Básicas de Saúde, porque o hospital deve ser o último recurso. Temos que pensar no atendimento primário, para resolver ali. Buscar realizar os exames preventivos que estão disponíveis nos postos de saúde, enfim, algumas medidas que temos que tomar.

100f: Os agentes de saúde fazem visitas periódicas às casas dos iguaçuenses?

Rosa Jeronymo: Sim, a atenção primária em saúde é composta por uma equipe de médicos, enfermagem e agentes comunitários de saúde, além de outros profissionais que compõem a área da saúde. Hoje temos mais de 300 agentes comunitários de saúde que são divididos nas UBSs e fazem visitas domiciliares e orientações, sendo esse elo de comunicação com a comunidade e a UBSs.

100f: Você acredita que a Telemedicina permanecerá na realidade iguaçuense?

Rosa Jeronymo: Sim, a telemedicina era algo que já vinha se falando e a pandemia concretizou isso de fato. Temos alguns médicos que estão realizando a telemedicina, eu já recebi inclusive alguns s de pessoas que foram atendidas assim e elogiaram o trabalho. Pois toda orientação e receita médica é feita de forma online.

E acredito que a tendência é expandir isso num futuro pós-pandemia, principalmente em situações mais simples, ligadas à atenção primária de saúde.

100f: E para fechar, como você visualiza esse ano para a Saúde de Foz?

Rosa Jeronymo: A Secretaria de Saúde tem uma grande demanda, que gera um desafio enorme, mas tenho dito sempre que o que estava funcionando queremos fortalecer e as mudanças necessárias já iniciamos, tanto de ordem de profissionais, quanto mudanças de contratos, para gerar uma economia de recursos que não gere prejuízos.



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