O som do gelo tilintando na guampa, a cuia compartilhada em roda com amigos e familiares, e o frescor das ervas são elementos que fazem do tereré muito mais do que uma bebida: ele é símbolo de identidade, hospitalidade e tradição no Paraguai.

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Conhecido por sua forma gelada e refrescante, o tereré é a versão paraguaia do chimarrão, e está presente em praticamente todos os momentos do cotidiano — das praças às universidades, dos postos de fronteira aos encontros de negócios. Em 2020, a bebida foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, reafirmando seu valor histórico e social.

Tereré

A rota que conta a história de um povo

A chamada Rota do Tereré é um itinerário simbólico — e, para alguns, até turístico — que a por diversas cidades paraguaias onde o hábito do tereré está profundamente enraizado. Desde Asunción, a capital, até Concepción, Encarnación, Villarrica e Ciudad del Este, cada região imprime seu próprio modo de preparo, uso das ervas medicinais (as yuyas), rituais e costumes.

Em Ciudad del Este, por exemplo, não é raro encontrar bancas especializadas na venda de yuyos frescos em cada esquina. Os “yuyeros” são verdadeiros farmacêuticos populares: indicam misturas para melhorar a digestão, reduzir a ansiedade, aliviar dores e até fortalecer o sistema imunológico. O tereré ali é sempre coletivo, democrático e adaptado ao ritmo agitado da vida comercial na fronteira.

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Mais que uma bebida, um elo cultural

Ao contrário do que muitos pensam, o tereré não se resume ao ato de beber — ele é convívio, pausa e conexão. Em um país marcado pela pluralidade cultural e pela forte presença de jovens, o tereré se tornou também ferramenta de resistência e pertencimento.

Em escolas, repartições públicas e até em eventos oficiais, é comum ver as rodas de tereré como espaço de integração. O gesto de ar a guampa é carregado de simbolismo: representa confiança, igualdade e acolhimento.

Do campo à cidade, das raízes às redes sociais

Nos últimos anos, o tereré ganhou novas roupagens. Jovens influenciadores paraguaios transformaram o hábito em conteúdo digital, e marcas locais aram a produzir kits personalizados com bolsas térmicas, cuias artesanais, garrafas estilizadas e até sabores inovadores de erva-mate.

Mesmo com essas inovações, a essência continua a mesma: compartilhar. Em uma fronteira onde culturas se cruzam e identidades se misturam, o tereré permanece como ponte entre gerações, classes sociais e idiomas.

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A Rota do Tereré não tem um ponto de partida fixo. Ela começa onde há uma cuia, um punhado de erva e a vontade de estar junto. E isso, no Paraguai, é em praticamente todo lugar.

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