Uma pequena empresa familiar do Paraguai, fundada na década de 1930, conseguiu o que muitos considerariam impossível: vencer uma batalha judicial contra a gigante Disney. A disputa foi sobre o uso do nome “Mickey”, que a empresa paraguaia usa há quase 90 anos. Em 1998, a Suprema Corte do Paraguai decidiu a favor da empresa local, permitindo que ela continuasse a operar com o nome que se tornou um símbolo cultural no país.

A história da Mickey paraguaia começou quando Pascual Blasco, neto de imigrantes italianos, fundou uma loja de frutas e sorvetes em Assunção, logo após o país sofrer graves conflitos, como a Guerra do Chaco e a Guerra da Tríplice Aliança. A loja foi batizada de “Mickey”, embora a origem exata do nome seja incerta. Muitos acreditam que Pascual tenha se inspirado no personagem Mickey Mouse durante suas viagens a Buenos Aires, onde o rato famoso estava fazendo sucesso nas telonas.

Fachada da sede da empresa Mickey, em Assunção (Maria Magdalena Arrellaga/The New York Times)

A pequena loja cresceu ao longo dos anos, diversificando seus produtos e vendendo alimentos como arroz, condimentos e doces, todos com o nome Mickey estampado nas embalagens. Em 1978, a empresa se expandiu para uma grande fábrica, e a marca se consolidou como uma das mais queridas pelos paraguaios.

Nos anos 1990, a Disney iniciou uma ação judicial contra a empresa, alegando violação de marca registrada. A gigante norte-americana acreditava que o público poderia confundir os dois “Mickeys”. No entanto, a justiça paraguaia rejeitou o processo, e, após uma longa disputa judicial, a Suprema Corte decidiu em favor da Mickey paraguaia, reconhecendo o uso contínuo da marca desde 1956.

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Hoje, a Mickey é mais do que uma marca de produtos alimentícios no Paraguai. O mascote da empresa é presença garantida em eventos, tirando fotos com fãs e distribuindo doces, especialmente durante as festividades de Natal. Para muitos paraguaios, a marca representa tradição e identidade cultural. Viviana Blasco, neta do fundador, e seus irmãos continuam a istrar o negócio, que se mantém exclusivamente no mercado paraguaio, sem interesse em expandir para o exterior.

Mickey, mascote da empresa e homônimo de Mickey Paraguay, tira uma foto com clientes em um supermercado em Luque, Paraguai (Maria Magdalena Arrellaga/NYT)

A vitória da Mickey contra a Disney é vista como um motivo de orgulho nacional, uma rara história de sucesso de um “Davi” paraguaio contra o “Golias” norte-americano. Para o povo paraguaio, o Mickey local não é apenas um produto, mas um símbolo de resistência, perseverança e identidade.

Fontes: Infomoney e The New York Time

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