Você sabe o que é política linguística? A verdade é que pouco se fala sobre isso no planejamento das cidades. No entanto, seria muito importante pensar nesse ponto, especialmente em Foz do Iguaçu, uma cidade fronteiriça com dois países onde o espanhol é língua oficial, e o Guarani, no caso do Paraguai. Além disso, há muitas línguas em circulação na cidade.
Falando sobre isso, foi divulgado o top 10 dos países que mais visitaram as Cataratas do Iguaçu. E sabem de uma coisa? A maioria dos turistas que as visitam fala espanhol. Legal, né? Bem, uma política linguística promove e planeja o uso de uma ou mais línguas em diversos âmbitos. Nas escolas de Foz do Iguaçu, por exemplo, temos a LEI Nº 5.215, de 14 de março de 2023, que estabelece a obrigatoriedade da implantação dos componentes curriculares de Inglês e Espanhol nas escolas da rede municipal de ensino de Foz do Iguaçu. Isso exemplifica uma política linguística.
Claro que essa abordagem abrange discussões e temas mais amplos, mas não podemos ignorar a importância de uma política linguística para a cidade. Vou listar alguns pontos interessantes que merecem nossa atenção; primeiro, o território. Foz está estrategicamente localizada para pensar em uma política plurilingue na região trinacional, tanto na educação quanto no turismo, embora essa perspectiva ainda seja pouco explorada na cidade. Vale ressaltar que traduzir um cartaz de uma língua para outra não é suficiente para abordar uma política linguística.
Outro ponto é o fluxo imigratório, de grande importância na cidade e com imenso impacto em todas as áreas, em especial como educação e saúde. No final de 2023, com base em fontes como o Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra), um grupo de pesquisadores, estudantes e poliglotas lançou o 1.º Relatório Yglota de Nacionalidades e Etnias da Região Trinacional. Este relatório revelou que Foz registrou, entre 2010 e 2022, a entrada de cerca de 15 mil imigrantes (14.574), representando 95 nacionalidades. O Paraguai lidera essa lista de nacionalidades, com também uma forte presença de venezuelanos.
Esses dados são fundamentais para planejar políticas linguísticas abrangentes para a cidade, especialmente um planejamento estratégico que pode ser desenhado pela prefeitura ou pela própria câmara de vereadores, alinhados ao pensamento de que pensar as línguas é fundamental para o desenvolvimento integrado local, regional e internacional.