Ao longo das últimas décadas, a região da Tríplice Fronteira caracterizou-se pelo intenso movimento de turistas e da população local cruzando as linhas que delimitam o território dos três países.
O fluxo diário de pessoas na visitação das atrações turísticas e no turismo de compras no Paraguai ou a ser parte fundamental da lógica que move a região.
Com a pandemia e o fechamento das fronteiras, tudo isso parou, e a Argentina e o Paraguai não cogitam reabrir as fronteiras por conta da situação brasileira relativamente à covid-19. A condição do Brasil, com grande número de casos confirmados, é um problema nacional que gera efeitos locais.
Embora o número de casos nos municípios da região da Tríplice Fronteira não seja alto, se comparado a outras regiões de seus respectivos países, até a presente data – 20 de maio – não há nenhum indicativo dos governos nacionais de que possa haver uma reabertura das fronteiras. Em certa medida, os resultados obtidos pela Argentina e pelo Paraguai na contenção da pandemia em nível nacional são melhores que os resultados brasileiros, o que leva esses dois países a manterem suas fronteiras fechadas. O Brasil possui quase 150 infectados por cada 100 mil habitantes, enquanto a Argentina possui menos de 20, e o Paraguai pouco mais de 10.
Como fechamento e abertura de fronteiras são medidas nacionais, e não municipais, enquanto a situação da pandemia no Brasil seguir com números comparativamente piores que os de nossos países vizinhos, não se pode vislumbrar a reabertura das fronteiras. Enquanto a pandemia seguir avançando em âmbito nacional, a Tríplice Fronteira sentirá localmente os efeitos – principalmente econômicos – por conta das fronteiras fechadas.
*Professor na Universidade Federal da Integração Latino-Americana e doutor em Ciência Política.

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Fotografia Marcelino T Lisboa: arquivo pessoal – Fotografia Ponte da Amizade: Acervo – DNIT.