Há um tipo de comportamento que se repete, quase como um padrão patológico, em todo início de gestão, o dos derrotados que torcem contra. Não por discordância legítima, mas por incapacidade de lidar com a perda. Em vez de reconhecer a soberania do voto popular e se recolocar no debate público com maturidade, preferem sabotar, distorcer, plantar dúvida, como se a rejeição nas urnas pudesse ser corrigida no grito.

É um fenômeno recorrente, ainda que vergonhoso. A democracia oferece aos vencidos um espaço nobre, o da crítica responsável, da vigilância construtiva, da proposição alternativa. Mas há quem decline dessa oportunidade e se contente com o papel menor de sabotador de ocasião. Tornam-se comentaristas raivosos, analistas amadores, militantes da catástrofe alheia, numa espécie de torcida organizada pela falência do adversário, como se isso não atingisse, antes de tudo, a população.

Trata-se de uma distorção do papel da oposição, substituída por um tipo de guerrilha de bastidor, onde a histeria vale mais que a razão e a desinformação mais que o argumento. Não é raro que esses críticos profissionais se apresentem como os únicos detentores da verdade, embora nunca tenham tido disposição real para o diálogo ou para o enfrentamento maduro das divergências.

Esse tipo de conduta revela mais sobre quem a pratica do que sobre quem governa. Expõe o despreparo para o contraditório, o vício pelo controle e, sobretudo, a ausência de compromisso com o interesse público. A política, nesses casos, deixa de ser instrumento de transformação para virar instrumento de revanche. E quem perde é sempre o cidadão comum.

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Enquanto isso, as cidades seguem sendo tocadas por quem se dispôs a governar. Com todas as limitações, sim, com erros pontuais, inevitáveis, mas com um projeto em mãos e a responsabilidade de entregá-lo. A crítica é bem-vinda, desde que venha com o mínimo de honestidade. O que não se pode normalizar é o uso da frustração eleitoral como combustível para o ataque gratuito.

A democracia exige convivência. A pluralidade é um valor, não um incômodo. Governar para todos inclui também os que votaram contra. Mas é preciso reconhecer, há quem, mesmo derrotado, escolha a dignidade. E há quem, diante da derrota, revele seu pior lado. E não há gestão pública que se deixe intimidar por chilique de quem não aprendeu a perder.

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João Zisman, economista com pós-graduação em Ciências Políticas e Gestão Pública, é jornalista por profissão. Natural de Recife-PE, tem 57 anos e vive em Brasília há mais de 30 anos. Pai de quatro filhos e avô de uma neta, Zisman combina sua experiência de vida com décadas de atuação em comunicação e marketing, destacando-se na criação de estratégias que combinam planejamento apurado e execução eficaz. Como jornalista político e analista, desenvolveu uma capacidade de traduzir cenários complexos em narrativas claras e assertivas, sempre alinhadas aos objetivos de seus projetos.

No setor público, atuou como assessor especial do Ministro da Ação Social e da Casa Civil da Presidência, além de ter colaborado diretamente com o vice-governador do Distrito Federal. Atualmente, é assessor especial na Secretaria de Relações Internacionais do DF, onde contribui para ampliar as conexões institucionais e promover parcerias estratégicas, fortalecendo a visibilidade e os projetos da capital. Essa vivência lhe proporcionou uma compreensão das dinâmicas entre o setor público e a iniciativa privada, qualificando sua atuação em diversos cenários.

Ao longo de sua carreira, Zisman também acumulou agens relevantes pelo rádio e pela televisão, onde foi âncora, comentarista e produtor de conteúdo. Essa experiência o conectou a um público diversificado e reforçou sua habilidade em comunicar de forma eficiente e adaptada a diferentes meios e contextos.

Sua experiência em comunicação é complementada pela habilidade em gerenciamento de crises, um diferencial importante que permite antecipar cenários, mitigar impactos e preservar reputações. Com uma visão estratégica apurada, Zisman também se destaca pela capacidade de identificar oportunidades em meio a desafios, desenvolvendo soluções inovadoras e práticas. Seja na análise de contextos políticos ou na execução de ações de comunicação, seu trabalho é orientado por resultados que equilibram inovação, eficiência e pragmatismo.

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