Em Foz do Iguaçu existe algo que chamo de “pauta museu”. É um assunto que aprecio. Muitos projetos já foram feitos, alguns prevendo museus (no plural) e outros espaços de memória. Alguns bem realistas, outros que exigiria um grande investimento. São todas iniciativas que nos fazem refletir sobre o ado, o presente e o futuro. Nos últimos meses tenho refletido sobre essa pauta e a possibilidade de um espaço de memória na Usina São João.

Publicidade

Localizada dentro do Parque Nacional do Iguaçu, já ouvi expressões interessantes sobre ela: “a avó de Itaipu”, uma “usina em miniatura”. Para que não conhece, a represa está localizada nas proximidades da Escola Parque e o prédio de geração de energia nas proximidades da sede istrativa do Parque Nacional (a propósito, onde de fato já existiu um museu).

O prédio abandonado foi uma construção “sustentável” para os padrões de 1940. A arquitetura da usina lembra o ado colonial espanhol. De acordo com o arquiteto da obra, as técnicas de construção levaram em conta a experiência e os materiais disponíveis naquela Foz do Iguaçu do início do século XX. Por esses e outros motivos, bem que esse lugar poderia ser incluído na “pauta museu” e ser transformado em um espaço de memória local, estadual e nacional.

O momento não poderia ser melhor. A nova concessão da exploração turística do Parque Nacional do Iguaçu recém iniciou e fala-se em projetos para melhor uso comum do espaço. Então, por que não tornar a Usina São João em um espaço de memória? Temos muito para lembrar em todos os níveis. No local, foi a primeira usina hidrelétrica. Levava luz ao Parque Nacional, mas também a dois pontos cruciais na década de 1940: o hotel Cassino Iguaçu e o quartel do Exército. Muitos iguaçuenses trabalharam lá e nos demais espaços do Parque.

Publicidade
Foto: Moisés Bonfim

No nível estadual, lembramos do momento imediatamente anterior. De 1936 a 1941, Foz do Iguaçu virou um canteiro de obras do Paraná. A prefeitura, a delegacia e o hotel receberam mais investimentos do que qualquer outra cidade, exceto Curitiba. E mal havia estrada para conectar a capital ao extremo oeste. No nível nacional, foi o primeiro grande momento da história da cidade e da região que contou com investimentos federais de grande soma. Em 1941, previa-se gastar 32 milhões de cruzeiros no Parque Nacional do Iguaçu. Naquele ano, o orçamento total do Paraná era de 28 milhões de cruzeiros.

Seria muito oportuno o bom uso público do espaço da represa e da Usina São João. Ajudaria na difícil tarefa de conectar as gerações do ado, do presente e a sonhar com o futuro. Poderia ser um espaço ível, sustentável e de aprendizagens sobre sociedade, meio ambiente e governança. Teria que ser algo bom para turista e para educar nossos filhos e netos. Mas, talvez essa seja só mais uma reflexão para a “pauta-museu”. Com a expectativa de que alguns projetos dessa pauta sejam executados.

Anúncio Publicitário

Deixe um comentário

Deixe a sua opinião