Falando em fronteira, seguindo em direção ao norte, os limites são definidos pelo traçado do rio até a região das cidades de Guaíra e Salto del Guairá.
É nesse ponto que houve uma indefinição sobre o traçado das fronteiras nacionais antes da existência da Itaipu.
Nas proximidades do Rio Paraná, o tratado que definiu os limites indica que a linha demarcatória é definida pela Serra de Maracaju. Entretanto, próximo à região da cidade de Salto del Guairá, há duas linhas altimétricas que geram diferentes interpretações sobre onde deve situar-se a linha de fronteira.
Para o Brasil, os limites devem ser definidos pela linha localizada mais ao sul, enquanto que para o Paraguai a linha demarcatória fica mais ao norte. Entre essas duas linhas localizava-se a maior parte dos saltos das Sete Quedas.
Essa questão foi abordada na construção de Itaipu. A parte da região em disputa na qual se encontravam as Sete Quedas foi inundada pelas águas da represa da hidrelétrica. A porção que permaneceu seca foi indenizada pela Itaipu e, em 1984, foi criado o Refúgio Biológico de Maracaju, que transformou a área em disputa em um espaço binacional sob gestão da empresa.
No documento que criou o refúgio, uma das justificativas era que “o mencionado terreno se encontra próximo a três povoados, Salto del Guairá, Guaíra e Mundo Novo, com possibilidades de rápida expansão que irão requerer um espaço verde seguro para a qualidade ambiental da área”.
Atualmente, o refúgio é um espaço onde se realizam pesquisas científicas, e desde a criação do refúgio a menção à posse desse espaço deixou de ser um tema discutido entre o Brasil e o Paraguai.
Apesar de ser um espaço relativamente pequeno, de pouco mais de 16 km2, a questão da Serra de Maracaju é facilmente encontrada na bibliografia acadêmica sobre as relações políticas entre Brasil e Paraguai, por conta os desdobramentos que gerou.
Para quem deseja conhecer a história da Tríplice Fronteira, é um tema interessante a ser explorado, que vai muito além do refúgio biológico.