É relativamente comum a tendência de se generalizar algo a partir de uma experiência particular. Por exemplo: referirmo-nos à fronteira entre o Brasil e o Paraguai a partir do nosso conhecimento de Foz do Iguaçu e de Ciudad del Este. Em termos de geografia, trata-se do primeiro e certamente o mais importante ponto de contato entre ambos os países.
Da região da Tríplice Fronteira até a região de Guaíra (Brasil)/Salto del Guairá (Paraguai), a maior parte do limite entre ambos os países é formada pelo lago de Itaipu – que, por sua vez, é parte do Rio Paraná. De Guaíra até a nascente do Rio Apa, são aproximadamente 540 quilômetros de fronteira seca entre o estado do Mato Grosso do Sul e o Paraguai. O Apa seguirá como limite até sua foz no Rio Paraguai, que também divide a maior parte da porção fronteiriça entre ambos os países.
É bem verdade que quem conhece a Tríplice Fronteira pode afirmar que conhece a mais importante região fronteiriça entre ambos os países por vários motivos, sendo o principal deles a circulação de pessoas e de mercadorias. Ainda assim, a Tríplice Fronteira é apenas um ponto de contato entre o Brasil e o Paraguai, fixado sobre um território contíguo que ultraa a marca de mil quilômetros. Há variações significativas na fronteira Brasil-Paraguai – rios, represa, fronteira seca – que denotam o fato de que conhecer a Tríplice Fronteira não é o mesmo que conhecer a fronteira Brasil-Paraguai.
Micael Alvino da Silva
Doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e Professor do Mestrado em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Coordenador do Grupo de Pesquisa Tríplice Fronteira (CNPq) – https://triplicef.org/
Marcelino Teixeira Lisboa
Doutor em Ciência Política (UFRGS) e Professor Adjunto na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Membro do Grupo de Pesquisa Tríplice Fronteira e Relações Internacionais (CNPq) – https://triplicef.org/