Muito eu falo e escrevo sobre o portunhol. Mas, afinal, o que é o portunhol? Bom, aqui já escrevi várias vezes que ele depende muito do contexto, do território, e da situação de comunicação. O portunhol pode ser definido de diferentes perspectivas. O portunhol para a comunicação, para a interação, o portunhol como interlíngua, o portunhol na literatura.

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O DPU (Dialetos Português do Uruguai) na fronteira de Brasil e Uruguai. Mas eu gosto de definir ele desde o lugar da identidade do encontro, como um continuum da língua no qual eu me identifico com o portunhol a partir de expressar minhas duas línguas que se encontram e misturam.

O que seria esse continuum da língua? Bueno, ¿pero qué es un continuum? De una manera simple, lo pensamos como si la lengua continuara, sin distinción de un idioma u otro. A ejemplo, ahora estoy escribiendo en una lengua y en otra, ¿verdad? Pensemos entonces en un continuum de las lenguas, donde no identifico se é uma língua ou é outra. Pensada assim, valorizamos mucho más los repertorios de lenguas de cada sujeto. Ahh, eu já sei que vocês vão questionar: e se eu escrever assim tudo misturado vale na prova? Al inicio dije que el portunhol depende de cada contexto, verdade? E quando nos falamos tudo depende das situações e contextos de fala.

Vocês falam da mesma forma quando estão em uma mesa do bar com amigos e quando estão na universidade apresentado um trabalho? Não. Pois isso mesmo acontece também quando falamos dos usos do portunhol em esses continuum das línguas. Sabem o que é muito legal na fronteira? O continuum pode se dar em muitas línguas, árabe, português, espanhol, ou guarani e espanhol, guarani, espanhol e português! Vamos pensar juntos: como fazer uma divisão de línguas? Elas não estão em uma caixinha cerrada. A língua, as lenguas, se misturam, nos seus sotaques, palavras, culturas. Seria impossível dividir em mim em um contexto de comunicação, as duas línguas.

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Quando me perguntam que língua que eu falo, sempre gosto de responder: é uma mistura da fronteira. Será que essa mistura é igual quando eu escrevo um e-mail acadêmico? Possivelmente não. E aí que reside como pensamos o lugar ou os lugares do portunhol. Também gosto de pensar que em determinado momento o portunhol terá seu devido lugar de destaque na academia, mas essa é outra conversa ou outro artigo.

Lo que sí sé es que me gusta colocarme en ese lugar de continuación de las lenguas para pensar mi identidad y también para reflexionar. Hay emociones, sensaciones y palabras que sentimos en una lengua o en otra, e inclusive podemos expresar nesta misturas de línguas que circulam e que aprendemos, que falamos em casa, com amigos, no bar, na escola e na rua. E esta tudo bem! Forma parte desta frontera. Podes expresar em todas as línguas, não te atrapalha, nem vão te julgar e se na escola for errar, tudo bem misturar, é impossível dissociar. Neste portunhol continuum das línguas eu quis te relatar o bom de morar na fronteira com nossas línguas do lugar.

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É Doutora em Educação (FaE) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Possui Licenciatura em Letras pela Universidad Nacional de Rosario (2003), Mestrado em Letras - Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana pela Universidade de São Paulo (2010) e Mestrado Profissionalizante na Área de Novas Tecnologias, pelo Instituto Universitario de Posgrado (Espanha). Atualmente é Professora de Língua Espanhola como língua adicional na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) no Ciclo Comum de Estudos. Tem interesse nas áreas de ensino de espanhol, fronteira e interculturalidade e línguas em contato.

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