No Paraguai, famoso país da América do Sul com um pouco mais de 6,1 milhões de habitantes, existe uma empresa que possui um mascote famoso: o ratinho de orelhas circulares que encanta gerações, o Mickey Mouse.
Enquanto o Mickey da Disney dispensa apresentações, o Mickey paraguaio guarda histórias de um comércio local que continua sendo referência. A empresa paraguaia é do segmento alimentício e conta com 280 colaboradores que embalam especiarias para comércios na região.
Em 1969, a Mickey começou a vender arroz, açúcar e bicarbonato de sódio, utilizando embalagens adornadas com a imagem de um rato semelhante ao famoso Mickey Mouse. Em 1978, a empresa mudou-se para uma nova fábrica, decorada com uma imponente árvore de Natal iluminada de 62 metros. Blasco, um dos representantes da empresa, defende que sua família não se apropriou da propriedade da Disney.
“Nós não roubamos o mascote. Construímos uma marca ao longo de muitos anos. A Mickey cresceu paralelamente ao Walt Disney e se tornou parte da cultura paraguaia”, afirma Blasco.
Essa conexão cultural é evidente em lojas de Luque, um subúrbio de Assunção, que vendem produtos da marca. O mascote do Mickey interagia com fãs, incluindo a enfermeira pediátrica Lilian Pavón, que expressou seu amor pelos produtos, especialmente pela farinha de rosca e orégano.
Lilian compartilhou que, quando criança, ela e suas amigas colecionavam itens do Mickey Mouse e sonhavam em visitar a Disneylândia, um desejo que nunca se concretizou devido ao alto custo das viagens.
Euge Aquino, uma chef de TV, destacou a nostalgia que o Mickey evoca entre os paraguaios. Ela utiliza ingredientes da marca para preparar pratos típicos, como pastel mandi’o. Embora o Paraguai não seja famoso por sua alta gastronomia, sua culinária é rica em sabor e tradição, com pratos feitos de mandioca e milho.
A popularidade da marca também está ligada ao mascote que distribui doces durante o Natal, uma tradição que começou em 1983. Aquino recorda com emoção a experiência de ver o Mickey durante as festividades em sua infância.
A coexistência pacífica entre o Mickey paraguaio e o original da Disney foi alcançada após anos de disputas legais. A Disney processou a empresa em 1991, mas perdeu a batalha jurídica em 1995 e, novamente, na Suprema Corte do Paraguai em 1998. A corte decidiu a favor da Mickey, reconhecendo que a marca havia sido registrada no Paraguai desde 1956, sem objeções da Disney.
Blasco itiu que a imunidade legal da Mickey pode não se aplicar fora do Paraguai, pois a empresa nunca buscou vender internacionalmente. Durante um feriado recente, o mascote estava animado, interagindo com crianças e gerando sorrisos, um reflexo do carinho que os paraguaios têm pela marca.
Muitos expressaram orgulho pelo triunfo do Mickey na batalha contra a gigante Disney. “É legal”, disse Maria del Mar Caceres, de 25 anos. “Pelo menos vencemos em alguma coisa.”
Fonte: New York Times