Na semana ada, a 100fronteiras entrevistou o Deputado Vermelho, onde ele pôde falar sobre o seu polêmico projeto da Estrada do Colono.
Após a matéria, Raby entrou em contato pedindo para contar um outro lado. Raby Khalil é ambientalista ativista e presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Foz do Iguaçu. Confira a entrevista abaixo.

100f: Você pode falar sobre a Estrada do Colono">100f: Seria como a Avenida das Cataratas?
Raby Khalil: Como a Avenida das Cataratas, ou como por exemplo, um pedaço da BR 469 que liga o portal do Parque às Cataratas do Iguaçu, ela é uma estrada fim, com um objetivo, ela não é uma estrada que liga a outra cidade e nem com trânsito pesado, na Argentina a estrada também é uma estrada de borda, não é uma estrada que coloca em risco o Parque Nacional argentino, a nossa opinião como ambientalista se possível fosse é que também fosse fechada porque não é uma estrada, ela é um carreirão de terra, e muitas vezes nem de bicicleta você a por ela, então é uma finalidade da agem dos guardas parques argentinos, ela não tem a finalidade de uma Estrada Parque ecológica, que é o que o Deputado justifica, trazendo modelo dos Estados Unidos, as Estradas Parques dos Estados Unidos não tem esse conceito de cortar Parques Nacionais ao meio, elas estão sempre nas bordas. O deputado diz que querem desfrutar da natureza, eu estou cortando a floresta, do lado direito tenho floresta e do lado esquerdo também, fiz 500m de floresta e vou continuar vendo floresta, é esse o objetivo? Ver floresta em uma estrada que vai estar toda cercada para ver mata? Então o argumento ecológico é infundado, não é baseado em quem entende de turismo.
Estradas
Raby Khalil: Falando de estradas no Estado do Paraná, nós temos por exemplo a BR 469 que liga o centro de Foz até o portão do Parque e depois tem o trecho que liga às Cataratas. São quantos anos de reivindicação pela duplicação dessa BR ou pela melhoria das condições dela e até hoje isso não foi desenvolvido. Nós temos por exemplo, a PR 495 (estradas estaduais) que liga Serranópolis até o município de Marechal Candido Rondon atravessando a BR 277 nós temos Serranópolis, Medianeira, São Miguel do Iguaçu, Missal Itaipulândia, Santa Helena, Entre Rios do Oeste, Pato Bragado, Marechal Cândido Rondon, Mercedes e Guaíra, são 11 cidades, a maior cidade entre todas elas é Marechal com 55 mil habitantes um dos outros argumentos é que essas cidades vão se desenvolver, porque estão isoladas, mas isso não se justifica, nós temos o município de São Miguel que a uma BR extremamente importante que é a BR 277 e o município tem 26 mil habitantes, se pegar o histórico de 10 anos atrás não mudou quase nada, o jovem de Serranópolis, Capanema e de Lindoeste fazem parte da cultura das pessoas saírem das cidades pequenas, dos pais se desenvolverem ali e mandarem seus filhos para as cidades polos. Então por exemplo, você pega a PR 495 que vai de Serranópolis, Medianeira atravessa a BR 277 é uma rodovia que corta ao meio todas as cidades, e são cidades pequenas, na média elas tem 15 mil habitantes ou menos e já são 30 anos que é a mesma coisa, elas não se desenvolveram porque tem uma estrada. Mas vamos ao um outro ponto econômico, elas não se desenvolveram porque tem uma estrada ali, e quando eu falo dessa PR eu falo da zona de influência da Itaipu, são cidades que recebem Royalties e nem por isso se desenvolveram ao ponto de se tornarem núcleos populacionais ou cidades regionais, elas continuaram sendo cidades pequenas, Itaipulândia não vai conseguir ocupar por exemplo a posição de Santa Helena e Santa Helena não vai conseguir ocupar a posição de Marechal, porque elas são cidades polos que atraem todas essas outras cidades, elas podem ter uma movimentação populacional entre elas mas elas não crescem mais do que isso, porque tem Foz do Iguaçu, Cascavel, Medianeira, Toledo tem cidades polos maiores que já se desenvolveram. O plano de Concessão do Parque Nacional não é perfeito, mas resolve um problema histórico de isolamento desses municípios entorno do Parque, ele da oportunidade de conectar e criar regiões turísticas, não precisamos de uma estrada asfaltada para criar regiões turísticas. E existe também a Rota Beira Parque que margeia o Parque Nacional, se quisermos falar de desenvolvimento econômico, nós temos uma Beira Parque, e inclusive está sinalizada, e é isso que precisamos fazer. Ela é uma estrada de chão, de terra que margeia o Parque Nacional saindo de Foz até Céu Azul, Capitão Leônidas Marques, ele faz o contorno no Parque e é isso que precisa ser desenvolvido.
A Estrada do Colono não é simples de fazer, a geologia dela é extremamente difícil, tem transposição de rios, então economicamente é uma estrada muito cara de se fazer pelas condições do Parque Nacional, sem contar os impactos ambientais, hoje vivemos uma crise hídrica no Estado do Paraná e rasgar o Parque em dois e colocar a face norte em risco é acentuar a piora do problema da crise, nós também temos as condições climáticas que é um assunto complexo “mas isso é a nível de mundo” mas se eu tenho o maior remanescente de Mata Atlântica no interior do Brasil que é o Parque Nacional, e quando falamos em maior parece que estamos falando de algo muito grande, e não é verdade, é algo pequeno. Rasgar o Parque é colocar toda a biodiversidade em risco porque o Estado do Paraná é o Estado que mais devastou cobertura vegetal proporcionalmente do tamanho de sua área no Brasil. Então porque vou acreditar que isso não vai continuar acontecendo? Os últimos 40 anos foram os piores e não foi algo que aconteceu no século 18 e 19 apenas e estabilizou, não, foram os últimos 40 anos, de 1980 para cá. Então é muito grave, esse projeto é um risco econômico para o município.
Desafio um desses ambientalista a ir fazer uma investigação de quantos jantares são feitos com carne de caça com salada de palmito tirados do Parque Nacional do Iguaçu, já que defendem o fechamento da estrada pois teriam que derrubar árvores e dividiriam o Parque em dois lados. Pra favor… É fácil defender esse posicionamento sentado e falando blá blá blá.
Sou a favor da abertura da estrada parque, se os Ambientalistas estão tão preocupados assim com o parque, fechem a estrada das cataratas e parem de alimentar os animais silvestres que tem lá.