É capaz de você já ter visto a dona Maria Odette Rolon por aí, pois ela vive em Foz desde que nasceu, em 1934.

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Para entender como ela veio a nascer aqui, precisamos voltar um pouco no tempo, quando seu Erasto Rolon, paraguaio natural de Yuty, foi a Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, conhecer a cidade brasileira, mas acabou conhecendo dona Carlota Ayres, até então futura mãe da Maria.

Os militares doavam terras para povoar e garantir o território nacional contra estrangeiros. Chamavam agricultores por causa da subsistência.

Após se conhecerem, o pai da dona Carlota faleceu, mas já tinha avisado a filha e o genro que a colônia militar de Foz do Iguaçu estava doando terras para quem desejas se fixar residência e trabalhar na agricultura. A mistura cosmopolita já estava dada, pois o paraguaio conheceu a mulher no Brasil e eles casaram em São Pedro, na Argentina.

Chegaram à Terra das Cataratas e construíram uma casa na Rua Jorge Schimmelpfeng, esquina coma Rua Santos Dumont, em terra doada pela colônia militar. No ano de 1934, nasceu a caçula de 14 irmãos, Maria Odette Rolon. Quem fez o parto foi a parteira dona Marta, senhora de origem alemã bem conhecida pelos moradores.

A memória de professora não falha, com seus 80 anos lembra-se dos tempos de infância e também de seus grandes amigos, alguns com quem mantém contato até hoje. Ela se recorda da afinidade que tinha com os irmãos homens, pois suas irmãs já eram todas casadas quando ela ainda brincava de bolita, peteca e corda.

Recorda que foram tempos serenos e felizes. Violência? Não existia, podia-se deixar as portas e janelas todas abertas. Medo sim, mas não de roubo, e sim porque a avó e a mãe contavam histórias como a do lobisomem.

Tempos diferentes, e o modo de educar também. Se as crianças brigavam, mesmo que uma ou outra não tivesse culpa, as duas apanhavam da mãe. E depois, nada de ficarem de cara virada, tinham de se abraçar para fazer as pazes.

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Todas eram disciplinadas, tinham horário para acordar, para estudar, para almoçar. A família toda se sentava à mesa, sem exceção. A hora em que dona Carlota servia a comida era sagrada.

Maria conheceu as Cataratas do Iguaçu quando tinha aproximadamente 8 anos de idade. Para se ter uma ideia, a família saiu de carroça às 6 da manhã e chegou ás quedas somente às 10 horas. Foi a primeira vez em que a professora viu uma cachoeira na vida.

“Desde pequena escutava falar nas Cataratas Eu achei curioso ver sobre pedras quedas de água e que isso se chamava cachoeira. Eu não fazia ideia que a cachoeira fosse assim.”

Ao formar-se em 1950, com 16 anos, ingressou na primeira turma da Escola Normal Regional, que tinha duração de quatro anos. Com esse curso, foi contratada como professora municipal no Colégio Bartolo meu Mitre em 1951.

Ela teve somente um “escorregãozinho” de quatro anos quando tentou trabalhar como auxiliar de contabilidade na cidade de Guaíra – Paraná. O que não deu certo, pois ela gostava mesmo de ensinar. Enquanto exercia a outra profissão, formou-se na primeira turma de Escola Normal Secundária, em 1960, dessa vez para lecionar no segundo grau (ensino médio). Em 1961, ou no concurso público para ser, desta vez, professora estadual no Colégio Bartolomeu Mitre, onde foi aluna, professora e diretora.

Seu currículo é vasto. Maria me entregou em mãos, pois seria um problemão lembrar os nove colégios em que trabalhou. Fora os cursos que concluiu. Ela também lecionou Geografia no curso de Turismo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, além de História da Arte e Metodologia Científica.

“Eu ei uma vida, até os 70 anos, dando aula. Eu daria aulas até hoje, mas existe uma lei que proíbe. Qualquer funcionário público não pode trabalhar após os 70 anos de idade.”

Maria não casou nem teve filhos. Ela preferiu nunca ter de dar satisfações para ninguém. Nunca trocou um baile por um namorado. Se o rapaz a proibisse de sair dançar nas tardes de domingo no Gresfi ou no já extinto Oeste Paraná Clube, era fim de namoro. Sem papo.

E a escolha por viver sozinha foi por conta própria, aposto! Pretendentes não faltariam a essa senhora cheia de alegria. Ela tem boa conversa para leitura, viagem e filmes. Aliás, ela adora cinema.

É… Acho que me senti um pouco “velha” ao lado da Maria. Enquanto eu fico em casa, ela ainda vai aos bailes todos os fins de semana.

  • 1934: nascimento – Maria Odette Rolon

  • 1950: titulo de professora regente primário

  • 1960: primeira turma de escola normal secundaria (nível médio)

  • 1973: primeira turma do Curso de Geografia da Faculdade de Filosofia Ciência e Letras de Guarapuava

  • 1986/2004: professora de Geografia, História da Arte e Metodologia Cientifica no Curso de Turismo na Unioeste

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