No início do século 20, “coronelismo” era uma forma de fazer política. Um “coronel” não era um título militar, mas uma designação para um chefe político local, como no caso de Jorge Schimmelpfeng. Há diversos registros de viajantes que descrevem Schimmelpfeng como um personagem central para Foz do Iguaçu e região de 1902 até 1929.

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Aos 20 anos, em 1896, Schimmelpfeng casou com Josephina Pereira em sua cidade natal, Curitiba. Na capital do Paraná, iniciou sua carreira política como vereador em 1901. Não chegou a concluir a legislatura porque no ano seguinte aceitou o desafio de instalar e chefiar a Coletoria de Impostos (hoje Receita Estadual) em Foz do Iguaçu.

Jorge e Josephina fixaram residência na então Colônia Militar. Em 1905, ele deixou a política para se dedicar à iniciativa privada. No ano seguinte, quando completaria 10 anos de casamento, houve uma grande enchente no Rio Paraná seguida de uma epidemia de malária. Toda a população da colônia foi afetada e a Josephina veio a falecer em 2 de abril de 1906.

Geografia dos primeiros anos

Quando foi constituído, o município de Foz do Iguaçu ocupava um espaço compreendido entre Foz do Iguaçu, Guarapuava e Guaíra. O atual território da cidade era chamado de sede e no início de 1920 já tinha as praças Getúlio Vargas e Almirante Tamandará. A cidade cresceu a partir daquela parte da cidade que se conectava ao Porto Oficial sobre o Rio Paraná.

De volta à política

Em 1910, o território da Colônia Militar de Foz do Iguaçu se tornou um distrito Iguassu, do município paranaense de Guarapuava. Quatro anos mais tarde, o distrito foi elevado à Vila Iguaçu e Jorge Schimmelpfeng tornou-se o primeiro prefeito, iniciando oficialmente os trabalhos istrativos municipais há 110 anos, em 10 de junho de 1914.

A política era muito diferente dos nossos dias. As eleições variavam de acordo com cada unidade da federação. Sabemos que Schimmelpfeng foi prefeito por três mandatos de 1914 a 1924. Também consta na Assembleia Legislativa do Paraná que ele foi Deputado Estadual de 1918 a 1919.

Nos dez primeiros anos de vida política e istrativa de Foz do Iguaçu, Jorge Schimmelpfeng se consolidou como personagem central na política local e estadual. Ele foi não somente o primeiro prefeito, mas também o primeiro Deputado Estadual por Foz do Iguaçu.

Um grande objetivo

A biografia de Jorge Schimmelpfeng indica que sua carreira política teve dois grandes pleitos. O primeiro foi emancipar Foz do Iguaçu de Guarapuava. O segundo pleito foi também seu grande objetivo na política estadual: a construção de uma estrada ligando Foz do Iguaçu à Curitiba.

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Da capital à Guarapuava havia estrada. Mas, nos quase trezentos quilômetros restantes para chegar à fronteira havia apenas a picada do telégrafo. Construir uma estrada era uma empreitada e tanto. Nessa demanda, Schimmelpfeng encontrou em Santos Dumont um dos seus principais aliados.

Recebido com festa em Vila Iguaçu, Santos Dumont conheceu as Cataratas do Iguaçu em 1916. Dumont decidiu ir até Curitiba pela picada do telégrafo e pedir para o governador Affonso Camargo fazer algo pelo turismo nas Cataratas. Como resultado, o governador desapropriou o antigo Lote 9 da Colônia Militar, e ordenou a construção de uma estrada.

Em maio de 1920, o próprio Affonso Camargo e uma comitiva de autoridades fizeram a viagem inaugural. Demoraram seis dias de Curitiba à Foz do Iguaçu e foram recebidos com rojões e tiros de canhão. A festa municipal foi comandada por Jorge Schimmelpfeng.

Outras atividades

Em 2024, completa-se cem anos que Jorge Schimmelpfeng encerrou seu terceiro mandato na prefeitura municipal. Ele continua a ser lembrado como o primeiro prefeito da cidade, mas suas atividades não se limitavam à política. A exemplo do pai que era comerciante em Curitiba, Jorge se tornou comerciante, agricultor e industrial.

No comércio, há registros de que Schimmelpfeng mantinha uma casa comercial, talvez um grande armazém. Na agricultura, destaca-se sua produção de cana de açúcar e de mandioca. Esses dois produtos eram as principais matérias-primas para as primeiras indústrias de cachaça e mandioca. Jorge tinha uma fábrica de farinha de mandioca.

Turismo

Certamente foi na área de turismo que os empreendimentos de Jorge Schimmelpfeng receberam mais destaque pelos viajantes que registraram a vida de Vila Iguaçu. Logo no início do seu primeiro mandato, Schimmelpfeng foi a Posadas (Argentina) e convenceu Frederico Engel a mudar para Foz do Iguaçu e empreender no ramo do turismo.

Frederico Engel mudou com a família para Foz do Iguaçu em 1915. No ano seguinte, Santos Dumont ficaria hospedado no seu Hotel Brasil, com sede no centro da cidade e filial (uma modesta casa de 2 quartos) junto às Cataratas do Iguaçu.

Depois que a área das Cataratas se tornou de interesse público, em 1916, Schimmelpfeng tentou junto ao governo do Paraná recursos para construir um hotel das cataratas. Sem sucesso, decidiu construir por conta própria. No final de 1920, o Cassino Iguaçu Hotel ficou pronto. Há fotos e relatos desse empreendimento que existiu até 1937, quando foi consumido pelo fogo em um incêndio acidental.

Jorge Schimmelpfeng faleceu em Curitiba, aos 53 anos de idade, em 21 de outubro de 1929. Em sua memória, além das honrarias como ser nome de uma das principais ruas de Foz do Iguaçu, sua biografia consta da “Galeria Paranaense”, um conjunto de 103 dos principais nomes da política do Paraná, publicada em 1922.

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