1985 – Em 1985, o jornal Nosso Tempo publicou uma reportagem sobre a duplicação da Rodovia das Cataratas, na qual o governador do Paraná, José Richa, declarou que viria para Foz “quantas vezes for necessário”, garantindo a duplicação até o final daquele ano. Para a comitiva iguaçuense que naquela época foi até Curitiba em busca de contribuições do Governo do Estado, Richa disse as seguintes palavras: “Ainda em setembro, iniciaremos as obras de duplicação das avenidas Cataratas e Costa e Silva. Até o final do ano, vamos entregar essas obras à população iguaçuense, porque o turismo, maior atividade econômica de Foz do Iguaçu, não pode prescindir dessas duas obras, ainda mais quando se sabe que a Ponte da Fraternidade, ligando Brasil e Argentina, ficará pronta no mês de novembro”.
Historiador: Carlos Grellmann


No mês de outubro de 1985, o Nosso Tempo lançou um caderno especial sobre a duplicação. O ministro dos Transportes, Affonso Camargo, havia assinado o convênio entre o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER) para a duplicação de um trecho de 3.100 metros da Rodovia das Cataratas, a qual seria executada pela empreiteira J. Malucelli ao custo total de sete bilhões de cruzeiros, incluindo a recapagem asfáltica da Avenida Costa e Silva.

Perci Lima e o vínculo com a duplicação da BR-469

A obra de duplicação até o trevo de o à Argentina foi concluída dentro do governo municipal do prefeito Perci Lima (Junho a Dezembro de 1985). “Estavam construindo a ponte com a Argentina quando eu assumi a prefeitura de Foz e a gente verificou a necessidade de fazer uma duplicação da Avenida das Cataratas em função do tráfego que haveria de aumentar com a conclusão da ponte no final de 1985. Então numa primeira reunião que tivemos com o governador Richa, ele nos disse que a rodovia era federal e, portanto, o estado não podia intervir, assim como também não tinham verba. Aí ado alguns dias, no final de julho, o ministro dos Transportes, Affonso Camargo, veio a Foz para visitar as obras da ponte e ou na prefeitura para que eu o acompanhasse. Aí fomos de carro e a estrada estava bem esburacada e aí aproveitei e cobrei ele se podia dar início a essa duplicação pelo menos até o trevo para que pudéssemos fazer a inauguração da ponte. Ele concordou que a estrada estava feia e disse que iria ver o que podia fazer. Me pediu para ligar na outra semana que teria uma resposta para nós e de fato no início de agosto ele disse que daria início a duplicação e aí tudo aconteceu muito rápido”, comenta Perci em entrevista exclusiva para a 100fronteiras, em setembro de 2020.

2006 – ados mais de 20 anos, em 2006, a Gazeta do Povo noticiou que, no dia 22 de abril daquele ano, seria assinada a ordem de serviço para a duplicação de 8,7 km da BR-469. Na ocasião, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio os, e o do Planejamento, Paulo Bernardo, viriam a Foz para a permitindo as obras, que iniciariam na semana seguinte. No entanto, o sonho dos iguaçuenses ficou no papel, pois no mesmo ano o projeto de duplicação teve de ser paralisado, após denúncias de irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
2007 – Nesse ano, a BR-469 foi considerada, pela Confederação Nacional do Transporte, a pior estrada do país, de acordo com uma reportagem feita pelo Paraná TV, atual Meio-Dia Paraná.
2009 – Na ocasião, o deputado Chico Noroeste (PR) destacou que as obras estaduais e federais em Foz do Iguaçu poderiam superar R$ 1,5 bilhão se todos os projetos listados entrassem em execução nos próximos quatro anos. Isso incluiria a duplicação da BR-469, que teria apoio do Comitê Executivo da Copa, já que em 2014, na Copa realizada no Brasil, Foz do Iguaçu seria uma das sedes que abrigaria uma das seleções participantes. O custo para a duplicação dos 22 km da BR-469 estava em R$ 150 milhões.
2010 – Em 2010, o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Paraná, José da Silva Tiago, declarou que até o final do ano poderia ser anunciada a duplicação da BR-469. O projeto tinha um custo inicial de R$ 8,2 milhões, para um trecho de 8,7 km, e incluía a recuperação do piso asfáltico, alargamento da pista, construção de mais trechos de terceira pista, baias de ônibus e outro trevo de o ao Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. Para anunciar a duplicação, foi preparada na época uma solenidade no Centro de Artesanato de Foz do Iguaçu, que contou com a presença do prefeito de Foz, Paulo Mac Donald, do deputado federal Fernando Giacobo (PR), da presidente da Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (ACIFI), Elizângela de Paula Kuhn, e demais autoridades.
Nesse mesmo ano, entidades ligadas ao comércio, indústria, serviços e turismo de Foz do Iguaçu instalaram outdoors ao longo da rodovia em uma intensa campanha pela duplicação. Isso porque as condições da via eram péssimas, com asfalto ruim e falta de sinalização e de iluminação. A campanha foi criada pela ACIFI, Conselho Municipal de Turismo, Iguassu Convention and Visitors Bureau, Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu (Sindhotéis), Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Regional Oeste/PR e Associação Brasileira de Agências de Viagens no Paraná.
Setembro de 2010 – Nessa época foi assinado, pelo representante da Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Rolando Marreta, o contrato para a execução das obras de restauração e melhorias da Rodovia das Cataratas.
2012 – Dois anos depois e ainda sem a concretização do início das obras de duplicação da BR-469, uma cerimônia no Parque Nacional do Iguaçu marcou a entrega das melhorias na rodovia, após as obras de restauração feitas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O evento teve a presença do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio os; do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo; do superintendente do DNIT no Paraná, José da Silva Tiago; e do diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ricardo Soavinski.
A obra de revitalização da capa asfáltica da rodovia foi executada em duas etapas, em um total de R$ 11 milhões no trecho de 20 km, incluindo nova camada asfáltica no interior do Parque Nacional.
Nesse mesmo ano, o estado e a bancada federal no Congresso discutiram as prioridades para a infraestrutura no Paraná, que incluía a duplicação da BR-469 em Foz do Iguaçu.
2013 – No ano seguinte, em 2013, mais uma tentativa para a duplicação da Rodovia das Cataratas frustrou os iguaçuenses. Dessa vez, o diretor-geral brasileiro de Itaipu na época, Jorge Samek, havia anunciado, durante a inauguração das obras no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que o Conselho de Desenvolvimento de Foz do Iguaçu (Codefoz) iria um convênio com o DNIT para que houvesse a duplicação da BR-469. Samek ressaltou que o Codefoz ficaria responsável pelos projetos e o DNIT pela execução das obras, cujo projeto seria custeado pela Itaipu, Fundo Iguaçu e outros parceiros do Codefoz.
2014 – Na sequência, outra proposta ganhou destaque na cidade, tratando da duplicação. Na ocasião, a iniciativa do projeto atendia aospedidos do DNIT, e os custos estimados iniciais estavam em torno de R$ 85 milhões. Após isso, o próximo o seria a realização de audiências públicas para validar o projeto e obter as licenças ambientais.
No final de 2014, o congestionamento nos 21 km de pista simples da Rodovia das Cataratas incomodou os turistas e moradores de Foz, ganhando destaque negativo na imprensa, que lembrou a paralisação da obra em 2006 – ou seja, quase dez anos sem que houvesse de fato a duplicação tão necessária.
2015 – De 2010 em diante, praticamente todos os anos promessas eram divulgadas e lançamentos da obra aconteciam. Especificamente em 2015 era para ocorrer o início das obras de duplicação, de acordo com as informações readas pelo DNIT. Mas nada aconteceu.
Nesse mesmo ano, em uma reunião do Codefoz, foi discutida a duplicação da BR-469. A primeira fase compreenderia o trecho entre a baixada do Boicy e o trevo de o à Argentina, ao custo estimado de R$ 17 milhões para um trecho de quatro quilômetros. A segunda parte iria do trevo da Argentina até a entrada do Parque Nacional do Iguaçu. Na ocasião, porém, a meta era segurar a segunda etapa para conseguir mais verbas.

2016 – Em 2016, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) concedeu a Licença Prévia (LP) para o projeto de duplicação de 8,82 km da BR-469, que na época já estava orçada em R$ 98 milhões.
A licença foi emitida após aprovação do relatório de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e fazia parte das exigências para que o projeto pudesse ser doado ao DNIT. Com isso, o órgão ficaria responsável pela elaboração do edital de licitação para a execução da obra.
Na ocasião, os projetos básicos e de engenharia foram desenvolvidos pela Engemin a pedido do Iguassu Convention & Visitors Bureau e com o apoio da Itaipu Binacional e do Fundo Iguaçu. A previsão era que a rodovia fosse alargada nos dois lados e recebesse avenidas marginais em boa parte do trecho, assim como ciclovias, duas arelas de pedestres, dois abichos, cinco retornos, um viaduto no o ao aeroporto, duas trincheiras, ponte elevada no Rio Tamanduá e uma rotatória nas proximidades da entrada do Parque Nacional do Iguaçu.
Julho de 2016 – Na metade do ano, durante a cerimônia de entrega da obra de revitalização da Ponte da Amizade, a Itaipu reou ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, os projetos básicos e de engenharia, os estudos dos impactos ambiental e ao patrimônio arqueológico, bem como o licenciamento ambiental prévio para as obras de duplicação da BR-469.
2017 – Um ano depois, a obra já estava avaliada em R$ 110 milhões, e a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional aprovou uma emenda ao Orçamento da União destinando R$ 50 milhões para a duplicação da Rodovia das Cataratas.
A aprovação da emenda foi articulada pelo deputado Evandro Roman (PSD) e pelo coordenador da bancada paranaense na Câmara, deputado Toninho Wandscheer (PROS), e contou com o apoio dos deputados Fernando Giacobo (PR), Dilceu Sperafico (PP), Alfredo Kaefer (PSL), Hermes Parcianello (PMDB) e Nelson Padovani (PSDB), que representam a Região Oeste do estado.
2018 – Ainda sem que a obra de fato acontecesse, nesse ano a governadora Cida Borghetti propôs obras para Foz de Iguaçu, enviando um pedido para o presidente Michel Temer que incluía a ampliação do aeroporto e a duplicação da BR-469.
Maio de 2018 – O ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro Silveira, anunciou que viria a Foz para autorizar os recursos para algumas obras na cidade, incluindo a duplicação da BR-469. A expectativa era que ele autorizasse o valor de R$ 460 milhões para essa e outras obras, conforme havia destacado o deputado federal Fernando Giacobo, que acompanhou a comitiva. O valor seria pago pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, DNIT e Infraero. Na época, a duplicação da Rodovia das Cataratas seria a prioridade.
Ainda em 2018, o governo federal retirou do orçamento a duplicação da rodovia, como forma de compensar a redução no preço do diesel. No Paraná foram retirados do orçamento R$ 104 milhões de obras em rodovias, o que incluía a duplicação da BR-469. Era, mais uma vez, o sonho dos iguaçuenses sendo adiado.
Em 2018 também houve boatos de que a Itaipu assumiria as obras de duplicação da Rodovia das Cataratas No entanto, a binacional publicou uma nota desmentindo as informações. Em um trecho, dizia o seguinte: “A Itaipu não vai assumir a duplicação da Rodovia das Cataratas. Os projetos foram bancados pela Itaipu e pelo Fundo Iguaçu. A duplicação será paga com emendas parlamentares. O deputado Fernando Giacobo anunciou que o DNIT vai licitar a obra e que já estariam disponíveis R$ 50 milhões para dar início à duplicação, que tem um custo estimado de R$ 116 milhões para ser totalmente concluída. (…) Só para registrar, esse projeto começou a ser elaborado em 2014, mediante convênio assinado entre a Itaipu Binacional e o Instituto de Promoção Turística do Iguassu, o ICVB, que fez a doação do projeto para o DNIT”.
Com isso, o site Não Viu? destacou em uma publicação que o deputado federal Fernando Giacobo estava “correndo atrás” de uma emenda supressiva, como forma de recuperar a verba destinada à duplicação da Rodovia das Cataratas, que havia sido cortada pelo governo Temer.
2019 – A informação mais recente sobre a duplicação saiu em junho de 2019, quando o atual governador do Paraná, Ratinho Jr., disse que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, sinalizou positivamente para que o Governo do Estado assumisse a gestão da rodovia. Com isso, o estado estaria autorizado a realizar os investimentos necessários para fazer a duplicação. Para isso será utilizado o mesmo modelo adotado na construção da Ponte da Integração, em que o Governo do Paraná ficou responsável pela gestão da obra e os investimentos são da Itaipu Binacional.
2020 – ados 35 anos desde a primeira fase da duplicação, no dia 27 de agosto de 2020, os iguaçuenses voltaram a sonhar, quando em solenidade nas proximidades do Centro de Convenções, na Rodovia das Cataratas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, lançou a pedra fundamental para a duplicação do segundo trecho da rodovia, que compreende o trevo de o à Argentina até a entrada do Parque Nacional do Iguaçu em 8,7 quilômetros, que deverá começar em breve e ser entregue em 2024.

De acordo com informações readas pela assessoria de comunicação da Itaipu, o valor total do investimento será de R$ 139,4 milhões, sendo R$ 136,3 milhões bancados pela Itaipu. A licitação e gestão da obra ficará sob a responsabilidade do governo do Estado do Paraná.
A obra compreenderá a construção de um viaduto, três trincheiras, uma ponte elevada (sobre o rio Tamanduá), duas arelas de pedestres, dois pontos de pausa-fauna e uma rotatória em nível. Também estão previstas pistas marginais em toda a extensão, assim como uma ciclovia bidirecional compartilhada.
