Com menos pessoas nas ruas por conta da pandemia do novo coronavírus, ocorreu um impacto positivo no meio ambiente. Conversamos com a bióloga Lucelia Regina Baes de Lima, que atua na área de gestão de resíduos e sustentabilidade, e com o ambientalista e historiador Francisco Amarilla, para entender melhor sobre esses fenômenos.
Uma enxurrada de notícias ruins atualmente decorre do coronavírus. No entanto, como tudo na vida, existe um lado positivo: o meio ambiente, essencial para a continuidade da vida no planeta Terra.
Uma melhora já perceptível foi a diminuição da emissão de gases que afetam as mudanças climáticas, gases esses que são emitidos por veículos ou até fábricas, e que atualmente estão parados com o isolamento, resultando assim em um ar mais limpo.
Esse fator do ar influencia diretamente no ciclo das vegetações, pois com menos poluição e pessoas por aí, as plantas conseguem desenvolver-se mais tranquilamente, ou seja, podem seguir o seu ciclo de vida mais “natural”.
Segundo a bióloga Lucelia, algumas melhoras no meio ambiente são o maior bem-estar dos animais silvestres, pois nós como humanos somos o topo da cadeia alimentar e quando nos ausentamos damos maior liberdade para que eles possam realizar a busca por alimentos sem gerar estresse.
“Se todos pararmos para observar a natureza ao redor de nossa casa, poderemos perceber diferenças que não víamos antes. Eu mesma, por exemplo, tenho notado maior quantidade de papagaios nas árvores da minha rua no final do dia. À noite, há mais corujas vocalizando do que o normal. Há cerca de 20 dias, um gambá aparece toda noite no meu quintal para se aproveitar das minhas jabuticabas, e até tenho ouvido cigarras cantando em pleno outono. Os animais estão se sentindo mais ‘à vontade’ nas últimas semanas”, destaca.
Aqui na região da fronteira são conhecidas as diversas cachoeiras espalhadas pela cidade, que – apesar da importância ambiental que têm – sofrem com a poluição. Um grande entendedor das cachoeiras de Foz é o historiador e ambientalista Francisco Amarilla, que acompanha de perto essa transformação ambiental.
“Essa pandemia que o mundo está ando levou as pessoas numa guerra contra um inimigo invisível. Apesar da agonia que está causando, com todo o respeito e sem ofensa, tem seu lado bom e seu benefício. O nosso planeta também está sendo beneficiado. Em que sentido? Os carros quase estão sem circular, com isso menos poluição, ar mais puro, mais saúde para o meio ambiente, que com a diminuição das pessoas está proporcionando aos animais voltarem ao seu habitat natural. As trilhas não estão sendo pisoteadas todos os dias, com isso estão recuperando sua vegetação.”
Por um olhar mais sustentável podemos citar inúmeras vantagens: as pessoas cozinhando dentro de casa, portanto aproveitam melhor o alimento e evitam o desperdício.
Com grandes empresas fechadas, reduz-se o impacto de resíduos gerados diariamente nas produções, gerando benefício também aos pequenos negócios e comércio local, pois muita gente, pela falta de grandes comércios abertos, opta por empresas locais.
Aqueles que trabalham nos serviços essenciais estão optando por transportes coletivos ou veículos que poluem menos, ajudando na redução da emissão de gases. É algo que podemos chamar de alívio temporário ao planeta e um momento que nos leva a refletir e adotar medidas mais conscientes para sustentabilidade e preservação do nosso ecossistema com o fim do isolamento.
“Esse momento será bom para as pessoas refletirem sobre o que é essencial e o que não é, e aplicar um estilo de vida mais simples quando essa fase acabar. Assim, a harmonia com o meio ambiente que temos notado agora poderá permanecer”, reforça a bióloga.