Em uma entrevista exclusiva concedida à 100fronteiras no final de novembro, o atual diretor-geral da Itaipu Binacional, lado brasileiro, Enio Verri, destacou as principais ações dos dois primeiros anos de sua gestão. 

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Enio ressaltou que o objetivo central da Itaipu Binacional é garantir a eficiência da produção de energia. Para isso, ações voltadas à questão social e ambiental têm ganhado visibilidade em sua gestão.

Além disso, ao longo de 2024, a empresa tem comemorado um ano de resultados positivos, com avanços significativos tanto na manutenção e modernização de sua infraestrutura quanto no fortalecimento de políticas públicas que visam o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das comunidades no entorno da usina.

Desafios e inovações na gestão da Usina

O principal desafio da Itaipu continua sendo garantir a eficiência da produção de energia, enquanto preserva a durabilidade de uma usina que, aos 50 anos, tem mais de 40 anos de produção ininterrupta. “É uma usina que exige cuidados constantes, especialmente em relação à manutenção de equipamentos e à atualização tecnológica”, explica o diretor. Ao longo dos dois últimos anos, a Itaipu investiu na modernização de seus sistemas, garantindo não só a continuidade da geração de energia, mas também a redução de custos e aumento da eficiência.

Além disso, a Itaipu irá implementar uma reforma importante no prédio da área técnica, que possui seis andares e uma localização estratégica, diretamente sob o fluxo de água. Estes investimentos são essenciais para manter a usina em pleno funcionamento, com o máximo de segurança e durabilidade ao longo das próximas décadas.

Vertedouro aberto.

“Itaipu Mais que Energia” 

Outro grande marco da gestão de Enio foi o crescimento das políticas socioambientais da Itaipu, com destaque para o programa “Itaipu Mais que Energia”. Lançado como um novo modelo de desenvolvimento social e ambiental, o programa impacta diretamente 434 municípios do Paraná e de Mato Grosso do Sul, com um investimento de R$ 1 bilhão, distribuídos de forma equitativa. Cada município recebeu cerca de R$ 2 milhões, com a condição de apresentarem projetos voltados para a área social e ambiental, como a preservação de recursos hídricos e a promoção de práticas de reciclagem e sustentabilidade.

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“O objetivo do ‘Itaipu Mais que Energia’ é criar uma conscientização ambiental nas comunidades e promover práticas que garantam a preservação do nosso reservatório e o desenvolvimento sustentável de toda a região”, afirma Enio. Para garantir a eficácia dos projetos, os municípios precisam comprovar que as obras estão sendo voltadas para a melhoria ambiental e a preservação da natureza, incluindo ações de educação ambiental, proteção da água e controle da poluição.

Além disso, em novembro deste ano, foi lançado o “Itaipu Mais que Energia 2”, focado nas entidades sociais. O programa visa incentivar a inclusão da população nas decisões sobre os investimentos feitos pela Itaipu. A iniciativa foi estruturada com a criação de 20 grandes regiões, que abrangem os 434 municípios, onde a sociedade civil organizada pode propor projetos para gerar políticas ambientais, emprego e renda, com foco na preservação do meio ambiente. Ao longo de 2024, mais de 1.000 entidades participaram dessas discussões, e algumas das propostas serão contempladas com um edital no valor total de R$ 400 milhões, lançado em novembro.

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Aumentando a abrangência para garantir a vida da Usina

Para garantir a longevidade da usina, a Itaipu expandiu sua área de atuação de 55 para 434 municípios, sendo os 399 municípios do Paraná e 35 municípios do Mato Grosso do Sul. O foco dessa ampliação está em combater o assoreamento do reservatório, principal ameaça à produção de energia. “A água é a matéria-prima da nossa usina. Se o assoreamento continuar, perderemos a capacidade de gerar energia. Por isso, estamos trabalhando para preservar o meio ambiente em todos esses municípios e garantir que a usina continue funcionando por muitos anos”, enfatiza o diretor da empresa.

Isso porque estudos recentes feitos pela Itaipu apontaram que os 434 municípios são direta ou indiretamente responsáveis pelo assoreamento do reservatório. Com a nova abrangência, a Itaipu está trabalhando com essas localidades para reduzir a poluição e, assim, prolongar a vida útil da usina, que tem uma previsão de 194 anos, desde que as ações de preservação ambiental sejam mantidas. “Toda a nossa política socioambiental tem um único fim: manter a usina funcionando pelo maior tempo possível”, reforça.

Espelhos naturais.

Parcerias estratégicas e resultados para o futuro

Em 2024, a Itaipu também reforçou sua presença em diversos fóruns internacionais de energia e sustentabilidade. A usina esteve presente no G20 – principal fórum de cooperação econômica internacional – em Foz do Iguaçu, que se consolidou como a capital da transição energética no Brasil. “A Itaipu, como empresa pública eficiente, é um exemplo de como a energia limpa pode contribuir para o desenvolvimento social e ambiental”, afirmou Enio.

O próximo grande evento será a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que acontecerá em Belém (PA) no final de 2025. A Itaipu Binacional estará presente, com destaque para a apresentação de embarcações movidas a hidrogênio verde, uma tecnologia desenvolvida na Itaipu. Além disso, a empresa está liderando projetos de infraestrutura e sustentabilidade na cidade, como a revitalização do Canal da Doca, que será transformado em um parque com áreas de lazer, ciclovias e jardins de chuva, e a implantação do Parque Urbano Igarapé São Joaquim, com melhorias em saneamento e paisagismo. Também serão realizadas a reforma do Complexo Ver-o-Peso e do Mercado Municipal de São Brás, ícones históricos de Belém. Essas iniciativas reafirmam o protagonismo da Itaipu com o desenvolvimento sustentável e preparam a cidade para sediar o evento de líderes mundiais que vai definir o futuro das políticas climáticas.

Inovações tecnológicas e o futuro da energia no Brasil

A inovação continua sendo um dos pilares da gestão da Itaipu. Em 2025, a usina irá implementar novas tecnologias de geração de energia, com destaque para o aumento da potência da hidrelétrica e o desenvolvimento de alternativas energéticas, como a energia solar e a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). A Itaipu está trabalhando para ser líder na transição energética no Brasil, com o compromisso de utilizar suas capacidades para gerar desenvolvimento sem comprometer o meio ambiente.

Usina de Itaipu.

Enio destaca que o futuro é promissor para a Itaipu Binacional, que continuará investindo em eficiência, inovação e em parcerias que contribuam para a construção de um Brasil mais sustentável e com uma energia cada vez mais ível. “Com os investimentos contínuos e a gestão estratégica, Itaipu se coloca como um exemplo global de como uma grande usina hidrelétrica pode ser um motor de desenvolvimento social e ambiental”, reforça.

O diretor destaca que a marca que quer deixar em sua gestão é a inovação contínua. Com a continuidade dos investimentos e a expansão de suas políticas públicas, a empresa se prepara para um futuro em que sua contribuição para o Brasil e o mundo será cada vez mais relevante, oferecendo soluções para o desenvolvimento sustentável, proteção ambiental e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

“De uma empresa voltada para o oeste do Paraná, a Itaipu se transformou em uma gigante com impacto em todo o país, com um modelo de gestão que busca sempre o equilíbrio entre a geração de energia, a preservação ambiental e o desenvolvimento social”.

enio verri

Enio Verri é formado em economia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestre em economia pela UEM e Doutor em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP). É professor aposentado do Departamento de Economia da UEM. Foi secretário municipal de Fazenda da prefeitura de Maringá. Também foi chefe de gabinete do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Eleito deputado estadual duas vezes e deputado federal em três mandatos.

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