Diante da ameaça desse novo vírus, comércio, escolas e muitos lugares em quarentena, é o momento de ficar em casa e se prevenir. Muita gente tem dificuldade de desapegar da rotina e criar hábitos dentro de casa, mas o importante nesse período é cuidar da sua saúde mental, então elabore sua nova rotina e entenda melhor o atual cenário mundial.

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Está comprovado que as epidemias e pandemias geram nas pessoas o pânico. Mas também é certo que esse medo provoca sérios danos a nossa saúde. Por isso, de antemão, já alerto que a primeira coisa que devemos fazer neste momento é manter a calma. Então respire fundo e se concentre apenas em buscar informações oriundas de fontes oficiais e, por favor, não saia espalhando informação recebida antes de checar a veracidade dela.

E para saber o que são epidemias é preciso recorrer a quem entende desse assunto. “Epidemia é a propagação de uma doença infecciosa que surge rapidamente em determinada localidade ou em grandes regiões e ataca ao mesmo tempo um grande número de pessoas. Quando uma epidemia atinge vários países de diferentes continentes, a a ser denominada pandemia”, explica a médica infectologista em Foz do Iguaçu Solange da Silva Simon.

Ela informa que o surgimento das epidemias é muito antigo e há relatos desde o início da humanidade, com registros que remontam a Aristóteles 400 anos antes de Cristo. Entre as mais marcantes estão a peste negra, os surtos de cólera, a tuberculose e a febre amarela. E, claro, mais recentemente surgiram as epidemias de AIDS, dengue, leishmaniose visceral, influenza e coronavírus. Esses são exemplos reais de doenças infecciosas que acarretam significativa morbimortalidade. “Diferentes agentes como protozoários, vírus e bactérias são os responsáveis pelas endemias e epidemias mais relevantes em todo o mundo”, alerta a doutora.

Como elas se propagam?

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Segundo Dra. Solange, as formas de transmissão variam, podendo ser por meio do contato respiratório, de forma direta, por fômites (objetos ou partículas contaminadas), por transmissão vetorial (mosquitos e carrapatos) ou por meio de fezes contaminadas. E para evitar que elas se propaguem hoje existem vacinas para quase todas essas doenças, no entanto se criou um movimento antivacina que dificulta o controle delas.
“O movimento antivacina ganhou força principalmente após a publicação de um artigo científico na revista Lancet [um dos mais importantes periódicos sobre saúde do mundo] no ano de 1998, no qual o médico inglês Andrew Wakefield associou o aumento do número de crianças autistas com a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. Rapidamente o medo das vacinas se espalhou, o que ocasionou uma queda alarmante nas vacinações, situação que também ocorreu no Brasil. Posteriormente descobriu-se que a teoria apresentada por Wakefield não tinha fundamentos, nem seu autor tinha autorização do conselho médico do Reino Unido para realizar testes clínicos. O estudo foi desmentido várias vezes pelo conselho médico do país. Posteriormente foi descoberto que os dados do estudo foram alterados por Wakefield para beneficiar sua teoria, se tornando uma fraude. Porém o estrago já havia sido feito”, conta.
E mesmo com o ditado popular “melhor prevenir do que remediar”, milhares de pessoas ignoraram a eficiência das vacinas e deixaram essa medida protetiva de lado, o que no exemplo mais recente trouxe de volta o sarampo, uma doença que já estava erradicada no Brasil. “Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. Poliomielite, varíola, rubéola, tétano e coqueluche são só alguns exemplos de doenças comuns no ado e que as novas gerações pouco ouvem falar. O resultado da vacinação não se resume a evitar doença. Vacinas salvam vidas”, ressalta a médica.
O que é o coronavírus?

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E no meio de tudo isso, desde janeiro o mundo ouve falar sobre o coronavírus, o covid-19, que surgiu na China e rapidamente se espalhou para o mundo todo, chegando a contaminar pessoas até mesmo aqui na fronteira. A médica explica que o coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19, após casos registrados na China, por isso do nome covid-19. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1. Entretanto, o covid-19 é o que mais rápido se manifesta, o que explica o fato de ter contaminado pessoas do mundo todo em tão pouco tempo.

Entre os principais sintomas estão febre, tosse e dificuldade para respirar. O período de incubação do vírus varia de dois a 14 dias, conforme o tempo que leva para os primeiros sintomas aparecerem desde a infecção por coronavírus. “De uma forma geral, a transmissão viral ocorre apenas enquanto persistirem os sintomas. Em alguns casos, é possível a transmissão viral após a resolução dos sintomas, mas a duração do período de transmissibilidade é desconhecido para o coronavírus”, ressalta a infectologista.

Como prevenir o coronavírus?


As pessoas em todo o mundo estão cientes da importância da higienização neste momento, mas nunca é demais alertar sobre os cuidados básicos que cada um deve ter. A Dra. Solange frisa que os vírus respiratórios se espalham pelo contato e por gotículas, por isso a importância da prática da higiene frequente no que diz respeito a limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência, como brinquedo, celular, maçaneta e corrimão. Além disso, a “etiqueta respiratória” alerta para cobrir a boca com o antebraço ou lenço descartável ao tossir e espirrar e evitar tocar nas pessoas, como aperto de mão, abraços e beijos.

“A recomendação é lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Se não houver água e sabão, usar um álcool gel 70%. Também evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. Evitar contato próximo com pessoas doentes. E ficar em casa, assim evitando aglomerações, ao mesmo tempo que é necessário evitar o contato com pessoas idosas, pois no momento elas estão no grupo de risco do coronavírus.”
Outro fator importante é que no inverno a incidência da disseminação do vírus é maior, porque historicamente o inverno é a estação do ano que mais registra casos dessas doenças, incluindo a gripe. Além disso, as pessoas tendem a manter os ambientes mais fechados, o que aumenta o risco de infecção por vírus respiratórios. “Por causa das temperaturas mais frias, é comum que se feche janelas e portas para conservar o calor interno dos ambientes. Contudo, agir dessa forma favorece a circulação dos vírus”, alerta a médica. Por isso a dica é: mantenha os ambientes arejados e evite expor-se ao frio, lembrando que estamos no outono e que os cuidados precisam começar agora.
E como isso afeta nossa saúde mental  ?


Bom, agora que já entendemos como as epidemias acontecem, qual a importância das vacinas e como evitar a disseminação do coronavírus é preciso orientar as pessoas quanto aos cuidados com a saúde mental, que acaba sendo afetada neste momento de pandemia.

De acordo com uma matéria publicada no site do São Carlos Agora, a psicóloga Bianca Gianlorenço ressalta que as epidemias e pandemias geram uma perturbação psicossocial que pode provocar tensões e angústias nas pessoas, variando de uma para outra. Ela conta que, de acordo com um estudo publicado no periódico científico East Asian Arch Psychiatry, 42% dos sobreviventes da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), última epidemia do coronavírus em 2013, desenvolveram algum tipo de transtorno mental. Isso porque o medo coletivo em época de pandemia pode desencadear esses transtornos, somado às notícias falsas. Outro fator que pode contribuir com transtornos de ansiedade e depressão é o estresse e o isolamento social.

Por isso, nossa recomendação como cidadãos e como jornalistas, é que você que está em casa busque informar-se por meio de canais de informação confiáveis e não compartilhe fake news. Além disso, procure alternativas para preencher o dia, seja com uma boa leitura, um filme de humor ou até mesmo a prática de ioga. É preciso reforçar que o isolamento social neste período é questão de vida, mas que essa ação não impede de nos mantermos unidos por meio das redes sociais. Use essas ferramentas com responsabilidade.

Dra.Solange da Silva Simon, infectologista.

Por: Patrícia Buche

*Para saber mais sobre isso e: https://100fronteiras.noticiascatarinenses.com/coluna-sca/saude-mental-diante-das-epidemias/123794/

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