Dormir está entre os maiores prazeres do ser humano. No entanto as pessoas estão dormindo cada vez menos, e é aí que está o perigo

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A hora do sono deveria ser um momento de relaxamento, silêncio e concentração. Mas desde que os smartphones invadiram nossa vida está cada vez mais difícil seguir esse ritual de saúde. É tanta informação disponível naquela tela brilhosa, bem na palma da nossa mão, que não tem como não se distrair deitado na cama bem no momento em que deveríamos estar preparando-nos para dormir profundamente e durante as oito horas de sono ideais para nossa saúde.

“Minha orientação médica é dizer aos pacientes para dormir. Ter uma carga de sono saudável, largar o celular, TV, redes sociais… e ir pra cama mais cedo. O sono pode ser a terapia para muitas pessoas que esquecem de si, do básico: dormir”, explica o cardiologista Dr. Eduardo Martins. Não seguir essa recomendação pode ser muito grave, pois dormir mal ou não dormir gera graves doenças relacionadas a problemas cardíacos.

Problemas cardíacos

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Segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Arizona, em Tucso (EUA), a cada hora a menos que uma pessoa dorme, principalmente durante os finais de semana, o risco de doença cardíaca aumenta 11%. O estudo foi feito por meio da avaliação do sono de quase mil pessoas entre 22 e 60 anos e publicado no periódico médico Sleep. E ainda conforme a publicação, dormir mais no outro dia não compensa, pois a regularidade do padrão do sono é mais importante do que a quantidade de horas que você a dormindo.

Dr. Eduardo explica que isso se dá porque ao dormir mal ativamos um sistema hormonal de estresse, e assim o coração a a sofrer como se estivesse estressado por trabalho, por exemplo. “Sobe a pressão, a frequência cardíaca, e aumenta-se muito o risco de a pessoa ter um infarto do coração.”

Por isso, quando se fala em dormir, é importante ter consciência das consequências que isso causa ao nosso organismo e qualidade de vida – o que vale para todas as idades. “Se os adultos vão perdendo o sono pela distorção cognitiva de dar mais valor à conta bancária do que à própria vida, os jovens estão doentes pela falta de regras no uso das redes sociais e da internet. Portanto a insônia tornou-se um veneno em várias camadas etárias”, alerta o doutor.

A Royal Philips encomendou uma pesquisa para mapear a percepção de 11.006 moradores de 12 países sobre a qualidade do próprio sono. O resultado foi que, apesar de 69% dos brasileiros acreditarem que dormir tem um impacto importante na saúde e no bem-estar, 36% reclamam de insônia recorrentemente.

Foram entrevistados moradores da Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Cingapura, Coreia do Sul e Estados Unidos. O resultado mostrou que 62% dos adultos item que não dormem direito e somente 10% afirmam ter ótimas noites de repouso.

Metade de todos os entrevistados também acha que o descanso noturno é o fator mais importante para o bem-estar, estando à frente da alimentação (41%) e do exercício físico (40%). No entanto seis em cada dez voluntários se queixam de sonolência diurna pelo menos duas vezes por semana, e 67% frequentemente acordam uma vez ou mais na madrugada.

Reaprendendo a dormir

Muitas pessoas sofrem de insônia e acreditam que nunca mais vão conseguir ter um sono regular. Mas existem várias técnicas que ajudam a melhorar isso. Algumas são básicas, como evitar o celular no quarto e parar de usar o equipamento pelo menos uma hora antes de ir deitar, bem como deixar o ambiente escuro e refrescado, pois isso ajuda na ativação do sono. Mas há também técnicas de respiração que envolvem a prática do ioga.

“É importante entendermos que o sono é muito mais que algumas horas de descanso; dormir é dar manutenção a nossa saúde física e mental. Na prática de ioga e meditação, contemplamos diversas técnicas respiratórias que restabelecem a serenidade necessária para o bem-estar. O ser humano é capaz de ficar dias sem comer, horas sem tomar água, mas não a minutos sem respirar. A vida depende desesperadamente da respiração, por tanto se respiramos melhor, vivemos melhor”, destaca a professora de ioga Mari Vidal.

Ela explica que noites de insônia são resultado de um estado mental ansioso e perturbado, com emoções e pensamentos desgovernados. A ansiedade gera uma respiração mais curta e acelerada; já um estado de serenidade produz um ritmo respiratório profundo e lento. “É inegável a relação entre padrões respiratórios e estados emocionais e mentais. O simples fato de conseguirmos controlar melhor a saída de ar, tomando consciência do movimento muscular envolvido na respiração e fazendo com que o ar saia mais devagar, podemos reduzir de forma significativa as perturbações que nos causam ansiedade e insônia.”

Além disso, a todo momento estamos expostos a situações que nos causam estresse e alteram nosso humor, o que interfere também no ritmo respiratório. Isso, segundo Mari, faz diminuir a produção da melatonina, hormônio responsável por induzir o sono, sendo produzido de forma natural por pessoas com estilo de vida saudável.

Para isso, ela sugere que quem sofre de insônia ou tem dificuldade para dormir pratique ioga. “Uma técnica muito eficaz consiste em inspirar pelo nariz, contando até quatro, sustentar o ar dentro dos pulmões por mais quatro segundos e exalar o ar pelo nariz ou pela boca entreaberta em quatro segundos. Faça isso por pelo menos cinco minutos, buscando manter toda atenção no movimento que o corpo faz para inspirar e exalar, focando também nos batimentos cardíacos e sensações ao longo do corpo. O foco no momento presente é um dos princípios básicos para meditação e limpeza psíquica”, ressalta a professora.

Una isso a uma alimentação saudável, prática de exercícios e delimitações de tempo do uso do celular antes de dormir, e tenha certeza de que a qualidade do seu sono irá melhorar. 2020 já está aí, é a sua chance de começar o ano com o sono em dia. “Bora” testar?

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