Neste verão, muitos argentinos escolheram o Brasil para ar as férias. Os jornais trazem diversas manchetes analisando a expressiva quantidade de turistas argentinos espalhados por diferentes pontos turísticos do país. Para os moradores de Foz do Iguaçu, a presença de argentinos em shoppings, supermercados e lojas já é algo comum. No entanto, neste verão, esse número parece ter se multiplicado, tornando-se ainda mais evidente em vários pontos da cidade.

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Cheguei a brincar, dizendo que parecia uma mini Argentina dentro do Brasil, pois, por onde eu ia, havia um argentino. Faça essa observação e aposte: você também terá essa percepção!

É claro que, com esse cenário positivo para o turismo e a economia, surge uma questão interessante: a comunicação entre as línguas. Espanhol e português são, ao mesmo tempo, tão próximos e tão distantes. Comecei a prestar atenção às interações linguísticas em diferentes contextos: na rua, no supermercado, no shopping e no hotel.

Minha curiosidade era entender quais línguas eram utilizadas no dia a dia para pedir informações ou iniciar uma conversa. Embora seja difícil generalizar, pois observei diferentes grupos de pessoas (em sua maioria, famílias), notei que a comunicação ocorria principalmente em espanhol ou no famoso portunhol, que já sabemos ser a ponte entre os dois idiomas.

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Além disso, percebi uma tentativa dos brasileiros de responder em espanhol, com maior ou menor acerto, o que me deixou bastante feliz! Também achei curioso ver os diferentes “portunhóis” surgindo e se misturando, criados a partir de pequenas frases ou palavras. Como diria um amigo que está aprendendo espanhol: “a gente tenta!”.

E sim, vi muita gente tentando! Quando o espanhol ou o português não fluía naturalmente, surgiam diferentes formas de comunicação: gestos, mistura de palavras e até a busca por ajuda. No entanto, é curioso que, para quem tem o espanhol como língua materna e fala português com um sotaque forte, muitas vezes escuta a clássica frase: “Mas você não fala português!”.

Ora, falo, sim! Só que com sotaque! Esse sotaque carrega minha identidade, os lugares por onde caminhei, morei, nasci e cresci. E, claro, também o lugar que escolhi para viver.

Afinal, espanhol e português são difíceis? Isso depende de cada indivíduo e de suas experiências pessoais de aprendizado. Mas uma coisa é certa: se temos uma pequena Argentina no Brasil (e pode observar comigo, que você verá que estou certa), todos nos comunicamos em portunhol, a língua do futuro!

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É Doutora em Educação (FaE) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Possui Licenciatura em Letras pela Universidad Nacional de Rosario (2003), Mestrado em Letras - Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana pela Universidade de São Paulo (2010) e Mestrado Profissionalizante na Área de Novas Tecnologias, pelo Instituto Universitario de Posgrado (Espanha). Atualmente é Professora de Língua Espanhola como língua adicional na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) no Ciclo Comum de Estudos. Tem interesse nas áreas de ensino de espanhol, fronteira e interculturalidade e línguas em contato.

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